domingo, 17 de maio de 2009
CANTO DO ABANDONO
CANTO DO ABANDONO
Silêncio, só silêncio. Nenhum ruído na noite.
A vida é calma, tudo é calmo.
O mundo parou, as estrelas adormeceram.
Tudo é silêncio...
Amanhece, mas eu não vejo. Acho que o sol se retirou...
As aves ficaram mudas, já não ouço a algazarra das crianças.
É tão triste esta monotonia, para mim já nem existe o amanhã...
Eu me encontro tão sozinha!
Os pensamentos pararam, só sinto o pranto amargo e quente,
Rolarem pelas faces que estão sem vida.
O coração parou, não ouço batidas...
Este torpor que me invade a alma, me torna quase calma...
Por que não vejo a luz, por que sempre é tudo tão escuro?
Onde está o luar? Onde está o sol? Onde estão as estrelas?
Quero vê-las!
Mas há muito que me encontro sozinha, nesta imensa solidão!
Minha única companheira é a eterna desilusão...
Quero gritar, quero falar! Não tem som o meu eco
Estou viva, mas não vivo, não sei o que é viver...
Estou solta, mas vivo numa prisão,
E o meu cárcere eterno é esta imensa solidão...
REGINA PESSOA
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